Projeto de Incentivo à Permanência de Estudantes Cotistas, do Centro de Estudos Afro-Orientais(CEAO/UFBA)

Objetivo Geral
Consolidar o Programa de Ações Afirmativas da UFBA.

Objetivos específicos:
- Ampliar as oportunidades de permanência na universidade para alunos negros, de escola pública e de baixa renda,
estimulando o desenvolvimento de habilidades que serão de fundamental importância durante sua formação acadêmica;
- estimular o conhecimento da história e cultura afro-brasileiras;

As(Os) estudantes freqüentam os mais variados cursos: História, Pedagogia, Farmácia, Engenharia Mecânica, Química, Letras, Administração, Ciências Contábeis, Ciências Biológicas, Ciências Sociais, Secretariado Executivo, Comunicação, Design, etc...

AÇÕES DESENVOLVIDAS

Bolsa-auxílio mensal (R$ 300,00), durante 4(quatro) meses (semestre acadêmico)
Cursos de Inglês, Produção de Textos e de Informática
Oficina Discutindo Inclusão e Cidadania – ciclo de debates com a participação de lideranças de organizações negras e de terapeuta ocupacional (expressão corporal)
Mostra de Cinema da Diáspora – mostra de filmes relacionados à temática étnico-racial.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

UERJ HOJE - Quatro anos do sistema de cotas: mais questões que soluções efetivas

Quatro anos se passaram desde o primeiro período letivo de 2003. Aquele momento entrou para a história da universidade brasileira. Era a primeira vez que uma universidade abria suas portas para alunos participantes do sistema de cotas.Juntamente com a UENF (Universidade do Norte Fluminense), a UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) tornou-se pioneira ao disponibilizar 45% de suas vagas para alunos negros (20%), estudantes de rede pública (20%) e outras minorias, como indígenas e deficientes físicos (5%). Na época, o decreto do governo estadual que determinou o estabelecimento das cotas mexeu com a opinião pública. O caso ganhou grande destaque na imprensa corporativa, dividindo opiniões a respeito de uma questão que, até então, parecia estar silenciada. Muitos se posicionaram alegando que as cotas só acentuariam o racismo. Outros consideraram que a medida colocou em debate a própria presença do preconceito racial imbricado nas instituições públicas e privadas. Hoje, no momento em que se formam alguns dos primeiros alunos cotistas, o debate sobre o tema volta a ganhar fôlego. Parte daqueles estudantes que realizaram, em 2003, o grande sonho de ingressar numa universidade pública, se viram obrigados a desistir de seus objetivos no meio do percurso. Infelizmente, muitos não tiveram condições financeiras para darem continuidade aos estudos, entre outras dificuldades. Tão importante quanto dar acesso aos alunos cotistas, é necessário e obrigatório que a universidade dê condições para que esses alunos se mantenham na universidade de forma digna, assegurando seus direitos e possibilitando o exercício de sua cidadania. Mas, como isso está sendo posto em prática na UERJ? Quais as políticas de inclusão vigentes? Como o aluno cotista vê essa questão? Quais suas dificuldades? Como professores e funcionários lidam na prática com o novo panorama de diversidade do corpo discente da instituição? Mais do que perguntas, essas questões vem se apresentando como difíceis desafios para UERJ nos últimos anos.
Ao passar pelos corredores da UERJ e conversar com diferentes alunos cotistas, uma opinião torna-se comum: o preconceito e a discriminação dentro da universidade tornam ainda mais difícil o cotidiano do aluno cotista na vida acadêmica.- Você se sente como se estivesse ocupando o lugar de alguém por estar aqui. Há nitidamente o estranhamento do negro e outras minorias como partes constitutivas na construção do saber, que se pretende democrático. Sinto que os professores não me consideram como parte integrante da construção do conhecimento - lamenta a estudante Allyne Andrade (21), estudante de Direito. Rodrigo Reduzino (31), estudante do curso de Ciências Sociais, não discorda de Allyne. Para ele, o preconceito que há na universidade é o mesmo que você encontra no resto da sociedade, porém, por não se tocar nesse assunto dentro da universidade, a situação se torna ainda pior. Kaize Augusta Ribeiro de Toledo (24), também estudante de Direito, reitera os argumentos da colega Allyne e constata situações ainda mais alarmantes.- Os professores ignoram nossa realidade passando textos estrangeiros para serem lidos. Na turma, é ainda pior. Não te cumprimentam, não falam com você - conta Kaize, indignada.Além das críticas denunciadas acima, como já foi dito, há um problema ainda maior que acompanha a trajetória dos alunos cotistas em seus anos de graduação. Na opinião dos alunos entrevistados, ainda há muito que se avançar a respeito dos programas de bolsa para auxílio financeiro para estudantes cotistas. É dever da universidade oferecer condições que garantam a permanência do aluno na instituição.

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